Adrienne Alessandro O’Brien

bandeira da nacionalidade do bolseiro Estados Unidos

Adrienne Alessandro O’Brien nasceu em 1983 em Wilmington, Delaware (EUA), é casada e tem filhos, e estudou Comunicação Institucional na Universidade Pontifícia da Santa Cruz entre 2007 e 2008; é atualmente responsável pela comunicação no Goddard Space Flight Center, da NASA.

Recordações que sempre guardarei
como um tesouro

Nasci numa família católica onde a fé e a prática religiosa impregnava a vida diária. A minha mãe levava-me à Missa diariamente e animava-me a acompanhá-la a rezar o terço. Quando os meus pais souberam que nas escolas públicas se dava educação sexual desde o primeiro ano, tiraram-me para me educar em casa, o que foi muito radical para aquela altura (eram os inícios dos anos 90). A fé era uma coisa tangível para nós. Quando era pequena era tímida e sensível: sentia-me muito mais confortável a observar os outros do que a contar as minhas histórias, e nalguma ocasião pensei se Deus me pedia que entrasse para uma Ordem religiosa.

Depois de muitos anos de indecisão sobre a minha vocação e depois de um tempo em que infelizmente me afastei de Deus, fui a Roma num semestre de estudos da faculdade e numa visita guiada à Basílica de São Pedro, contemplei o lugar onde repousam os restos mortais do homem que caminhara com Cristo. Pensei que o primeiro Papa entendera o verdadeiro significado da vocação porque disse que sim a Deus uma e outra vez, mesmo após O ter negado.

Pedi a Deus novamente que acabasse a minha confusão vocacional. Imediatamente senti uma paz profunda, algo literalmente de outro mundo: por fim via iluminada com clareza a minha vocação para o casamento e nunca mais tive nenhuma dúvida a esse respeito. Passei dois anos a tirar fotocópias e fazer reservas de voos em organizações políticas sem fins lucrativos, em Washington D.C., sentindo que afogava a criatividade da minha alma, até que, estando em Roma conheci a Universidade.

A qualidade e sobretudo a amabilidade dos professores fizeram-me sentir imediatamente em casa; o carácter prático do programa encantou-me. Aprendi a usar uma câmara de filmar, a escrever guiões comerciais, a editar arquivos de áudio: e tudo me encantava! As aulas práticas nos meios de comunicação foram as minhas favoritas porque me desafiaram a antecipar e explorar argumentos contra a fé e criar respostas racionais e adequadas. As amizades que fiz foram insubstituíveis.

Estas são recordações que guardarei sempre  como um tesouro. Em Roma descobri a universalidade da Igreja e também a sua fragilidade. Perguntava-me: que posso fazer, a nível pessoal, para ser um membro mais forte e santo e ajudar a curar esta formosa e frágil Igreja? Ainda penso nestas perguntas especialmente à luz dos escândalos de abuso sexual que fizeram que muitos questionassem a sua fé. E julgo que a Universidade deu-me as ferramentas de que necessito.

Agora, na NASA, os meus companheiros, por muito brilhantes que sejam, necessitam de alguém que possa captar a sua ideia técnica e comunicá-la de um modo que as pessoas correntes pudessem entender. E isso eu podia fazer. Encanta-me participar em reuniões de estratégia e ajudar a identificar o público-alvo e formular o modo mais eficaz de chegar-lhe.

Por outro lado, o ser católica ajudou-me a cultivar a amabilidade e a consideração pelo tempo e os talentos dos outros.