Tenho muito boas recordações da minha infância, sobretudo da minha avó que me ensinou a rezar. Lembro-me do caminho que fazia com ela de manhã para ir à Missa.
À ida parecia comprido, mas à volta parecia curto. A aldeia onde passávamos as férias está ao pé da montanha e o caminho era muito bonito. Também lembro-me de como soavam os bons-dias que dávamos pela rua a todas as pessoas que conhecíamos enquanto caminhávamos para a igreja.
Lembro-me das orações que rezava todas as noites com a minha avó antes de deitar-me: ela ensinou-me a rezar com a alma aberta. A oração era e continua a ser uma coisa essencial para a minha avó, faz parte da sua vida. Benze-se antes de começar qualquer atividade, invoca Jesus antes de fazer uma viagem, e quando recebe uma prenda de Deus agradece a Nossa Senhora. Deus esteve presente na sua vida desde nova e conseguiu transmitir-nos essa fé, esse otimismo, essa alegria de viver com Deus. Há-de ser sempre um modelo para mim.
Ficaram gravadas no meu coração e na minha vida algumas palavras que me disse antes de vir para Roma: “Que o Senhor ponha no teu caminho só pessoas boas, com fé e abençoadas”. E posso dizer que as suas palavras se cumprem na minha vida diariamente. A fé em Deus leva-me a pensar que nada é por acaso, que tudo faz parte de um plano divino, embora nós tenhamos a liberdade de escolher esse caminho ou não, e sempre acabamos por encontrá-lo quando e onde temos que o encontrar. Gosto de pensar que Deus trabalha através de cada um de nós. De facto, somos as ferramentas mais formosas que Ele usa para desenhar esta grande e bonita história da humanidade. Todos somos importantes de um modo especial para Deus.
Cheguei a Roma com uma bolsa de Erasmus de uma universidade pública. Foi uma boa experiência, mas muito, muito difícil. Foi como uma prova. No entanto, após voltar para o meu país, continuei a ter no meu coração o desejo de viver em Roma, mas de um modo muito mais profundo. Um sacerdote romeno que trabalha em Milão – um homem de grande fé – aconselhou-me a continuar os meus estudos na Universidade Pontifícia da Santa Cruz, uma universidade que ele próprio tinha frequentado muitos anos antes. Aceitei esse desafio e regressei a Roma.
Imediatamente percebi que Deus tinha um plano melhor para mim, num sítio que não é só uma instituição, mas uma família: a Universidade Pontifícia da Santa Cruz. Comecei a estudar aqui Comunicação Social Institucional e não tenho palavras para descrever esta experiência, primeiro pelo alto nível do ensino, depois pelo acolhimento por parte de todos os professores e finalmente pelo pequeno mundo que se pode encontrar na minha turma.
De facto, um pequeno mundo, porque os meus colegas vêm de todos os sítios. Aqui descobri a verdadeira universalidade da Igreja, vivendo-a diariamente, e é um modo de aprender que pequeno e que grande é o mundo em simultâneo.
Com os meus estudos sonho poder comunicar e dizer a todas as pessoas, especialmente aos jovens, como é importante aquilo que temos em nós, ou seja, a imagem de Deus, e também que ótimo presente pode ser o conhecimento, a formação, através de livros ou através dos novos meios de comunicação. O importante é que seja uma formação verdadeira, livre e com sentido crítico, a partir da nossa história, das nossas raízes, de quem somos, de onde viemos e qual é o nosso destino.