Bogdan Teleanu, nasceu em Zarnesti, Brasov, (Roménia) e tem 46 anos. É um sacerdote ortodoxo, que decidiu formar-se na Universidade Pontifícia da Santa Cruz, licenciando-se em Comunicação Institucional da Igreja, e regressou à Roménia para se encarregar do gabinete de comunicação do Patriarcado Ortodoxo Romeno.
Rezar e trabalhar pela unidade visível
A Roménia viveu muito tempo no regime comunista. Desde criança que eu era cristão, como muita gente do meu povo. No entanto, toda a gente vivia no medo; mesmo os meus pais recomendavam-nos que não falássemos daquilo que escutávamos na rádio da Europa, da liberdade, da oração, da nossa fé.
Mas eu não consegui aceitar esse medo: até na escola me opus ao regime comunista. Uma vez, por exemplo, o professor de história perguntou-nos se íamos à igreja; todas as pessoas iam, mas ninguém se atreveu a falar porque sabíamos qual era o verdadeiro objetivo daquele professor. Senti uma revolta no meu coração, levantei-me e disse: “Eu vou sempre à igreja!”. Ele surpreendeu-se e perguntou-me porque é que eu acreditava em Deus. Respondi: “O universo deve ter um fim e julgo que o fim do universo está nas mãos de Deus”. Ele reagiu bem, pois me disse que eu era um rapaz muito valente.
Ainda me lembro como no dia 9 de maio de 1999, no fim da celebração eucarística presidida por João Paulo II, em Bucareste na presença do Patriarca Teoctist, católicos e ortodoxos começaram a gritar inesperadamente “Unitate! Unitate!”, que quer dizer “unidade” em romeno. Foi nessa primeira visita do Papa que soube da Universidade.
Costumo dizer como os Padres da Igreja que não há caminho mais comprido que o da mente ao coração, e para mim em particular, ser um ortodoxo numa universidade pontifícia foi uma ligação entre a mente e o coração. Agradeço aos benfeitores porque a sua contribuição foi fundamental.
Em 2002, o Patriarca Teoctist devolveu a visita a João Paulo II em Roma e nessa ocasião ambos assinaram uma declaração conjunta em que reafirmavam o compromisso de “rezar e trabalhar pela unidade visível” entre todos os discípulos de Cristo. O nosso propósito e o nosso ardente desejo é a plena comunhão.
Outro dos problemas do meu país é a emigração: há muitíssimos romenos no estrangeiro. A Igreja Ortodoxa Romena está muito comprometida em apoiar as famílias daqueles que emigraram, cuidando especialmente as crianças que ficam sozinhas, porque os seus pais viram-se obrigados a ir trabalhar para o estrangeiro para poder enviar dinheiro para casa. Chamam-se-lhes os “órfãos brancos” e são cerca de 750.000 (de 5 milhões de crianças que existem na Roménia), pela saída de um dos pais ou dos dois.