O meu nome é Daniele Bonanni e nasci em Fevereiro de 1990 em Milão, embora tenha crescido numa pequena aldeia mais ao norte, mesmo junto aos lagos de que fala o escritor Alessandro Manzoni na sua obra “Os Noivos”, que é uma das mais importantes da literatura italiana. Sou o mais novo de três irmãos e o meu pai, Fábio, assim como a minha mãe, Antonella, sempre foram um sinal claro de unidade, amor, otimismo e esperança: a sua união, baseada na fé, deu-me sempre a certeza de que a minha vida era uma coisa boa e que valia a pena descobrir o seu verdadeiro sentido. Entendi isto claramente durante umas férias com os rapazes da “Comunhão e Libertação”, movimento a que pertencem os meus pais, quando estava no liceu. Ao descer de uma montanha, lembro-me de que o sacerdote que nos guiava – o padre Marcello – nos fez deter diante de um imenso panorama de vales e montanhas que se estendiam diante de nós: um espetáculo que me fez sentir um ponto infinitesimal no universo imenso, e que era quase aterrador. No entanto ele disse-nos que cada um de nós valia muito mais do que todas aquelas montanhas porque as montanhas não tinham sentido se ninguém as olhasse, enquanto que nós temos sentido mesmo sem elas, porque somos queridos por Deus. Desde esse momento comecei a procurar Aquele que dava tanto valor à minha vida, aparentemente tão pequena.
Comecei a procurar Aquele que dava tanto valor à minha vida, aparentemente tão pequena.
Comecei a estudar e a jogar futebol, mas sobretudo a jogar futebol, mas fui perdendo aquela procura do início e voltei a procurar o valor da minha vida noutras coisas: o meu trabalho – tinha-me formado em engenharia matemática em 2014 –, a minha namorada, os meus amigos. Trabalhava no Luxemburgo, em fundos de investimento, mas havia qualquer coisa dentro de
mim que continuava a dizer-me que o valor da minha vida não podia reduzir-se só a isso, e comecei a ficar como que triste e passivo.
Foi então que conheci um sacerdote jesuíta de oitentas anos, chamado Maurice, que irradiava paz e serenidade e que se via que era capaz de amar qualquer pessoa. Depois de ter-me confessado com ele, veio à minha cabeça este pensamento: “Talvez Deus me esteja a chamar a ser como o padre Maurice: um sacerdote missionário”. Mas tinha muito medo. Nos dias seguintes, enquanto trabalhava no escritório, não pensava em mais nada, pelo que tive que contar tudo ao Padre Maurice. A tremer e esclarecendo que não era nada de importante, só um mero pensamento, contei-lhe a minha vida. Ele disse-me que uma vocação não é uma coisa que possamos criar ou que possamos merecer, mas uma coisa que Deus dá e que já está dada: só é preciso reconhecê-la. E isso deu-me paz. Comecei a tentar discernir, meditando, escrevendo e rezando, participando na Santa Missa, antes de ir para o trabalho, e falando com aquele santo sacerdote, e assim floresceu a minha vida: as relações com os colegas, com os amigos, com os irmãos, tudo entrava na unidade da minha vida que me fazia ser feliz. Hoje sou seminarista da Fraternidade Missionária de São Carlos Borromeu, dentro de carisma da “Comunhão e Libertação”, e estou no terceiro ano de teologia na Universidade Pontifícia da Santa Cruz.