Nasci numa pequena aldeia chamada Três Esquinas e sou o mais novo de dez irmãos, de uma família humilde e trabalhadora. Fui ordenado sacerdote há 13 anos na diocese de El Espinal, na Colômbia, uma região agrícola, carenciada e afetada por um conflito armado que dura há 50 anos.
Na primeira paróquia a que fui destinado, uma zona de conflito, vivi experiências que me provocaram diversas emoções e sentimentos que me marcaram e fortaleceram na minha vocação. Também fizeram-me amadurecer como pessoa.
Em outubro de 2010 houve mais de doze mortes violentas. Lembro-me de um pai de família assassinado diante da sua esposa e filhas. Ou também daqueles dois menores pertencentes às ditas guerrilhas. Mães a chorar que me telefonavam de madrugada:
“Padre, assassinaram o meu filho!”
Lembro-me das minhas lágrimas durante uma Missa dominical, às seis da manhã. Não aguentei mais. Durante a homilia falei sobre o valor da vida; não os culpava porque há 50 anos que dura esta guerra e acostumámo-nos a ver mortos e isso já não nos surpreende… Tive que fazer uma pausa porque não conseguia continuar a falar.
Nunca tive medo. Procurei ser prudente em muitas situações, e sempre senti o apoio do meu bispo, que uma vez chamei ao telefone para que escutasse as balas que se ouviam fora. Estas experiências fizeram-me refletir sobre o sentido tão grande da missão da Igreja.
Estou a estudar Comunicação Social para, entre outras coisas, poder transmitir Cristo com uma linguagem de amor, de reconciliação e de esperança àqueles que são vítimas do conflito armado.
Pe. Orlando Sánchez Celis, Colômbia