Sou o padre Elio Azuaje Villejas, venezuelano, da diocese de Trujillo, e tenho 47 anos. Sou o terceiro de cinco irmãos e aos 12 anos já ajudava as Carmelitas do Sagrado Coração, na catequese das crianças.
Já morreram sacerdotes e religiosos por não conseguirem medicamentos
Fui ordenado no dia 15 de agosto de 2000 e desempenhei vários cargos pastorais, mas ultimamente sofro com o meu povo, que é admirável. A tudo o que já é sabido soma-se a
contínua desvalorização da moeda que não permite não só ter algo que comprar como conseguir ter dinheiro. Toda esta situação provocou uma emergência humanitária, onde o povo agoniza pouco a pouco, e onde o governo não reconhece esta situação oficialmente porque seria reconhecer o seu fracasso.
A Igreja sempre teve e tem um papel claro. Foi uma voz profética que lhe trouxe como consequência o repúdio por parte das autoridades oficiais, mas também a única instituição com credibilidade e alicerce moral diante da situação desastrosa do país.
Na atualidade, quando a crise chegou a níveis inimagináveis, a Igreja, através dos diferentes agentes da pastoral, tratou de dar resposta a tantas necessidades, como refeitórios paroquiais, atendimento sanitário, mas não foi suficiente, a grande insistência é pedir ao mundo uma ajuda humanitária que o governo não aceita nem autoriza.
Já morreram sacerdotes e religiosos por não conseguirem medicamentos; nos seminários, conventos, escolas, comunidades religiosas, estão a passar fome. Agora, mais do que nunca,
a Igreja está a ser provada porque com fome deve dar de comer ao povo faminto, com doenças deve curar o povo ferido, e numa situação de desespero e caos deve dar testemunho de que confia plenamente em Deus que tudo provê.
Eu queria estudar liturgia, a arte de celebrar o Mistério da Redenção no meio do povo e a favor do povo, e ao Bispo pareceu-lhe bem e começamos a tratar disso, mas a profunda deterioração política da Venezuela parecia um obstáculo insuperável. Porém, se um projeto está nos planos de Deus os obstáculos passam a ser só etapas para o realizar.
Através de um sacerdote da minha diocese que estuda em Roma soubemos de um pároco dessa cidade que precisava de um colaborador na sua paróquia. E assim pude viajar. É maravilhoso estudar em Roma e tocar a universalidade da Igreja. O meu desejo é formar-me bem e regressar à minha diocese para servir melhor o povo venezuelano.
A grande pergunta de muitas pessoas é: como é que eu posso ajudar? A ajuda principal é a oração de súplica para que Deus tenha misericórdia deste povo e conceda-lhe a fidelidade na prova.