
Nasci em Ternópil, e pertenço à arquieparquia de Leópolis. Estou há seis meses em Roma e devo confessar que neste momento tudo é muito difícil para mim. Não fugi da guerra. Todos os meus pensamentos estão na Ucrânia, nos meus amigos que estão a combater. Sinto-me ansioso pelo meu lar, a minha gente e o meu país. Inclino-me e ajoelho-me diante de Deus.
Cresci numa família onde os valores cristãos são o fundamental
Pela minha parte, tudo o que eu posso fazer é rezar e dizer a verdade sobre a situação no país e procurar oportunidades material e financeiramente pessoas que estão a sofrer. Comunico-me diariamente com adolescentes ucranianos que sofrem a guerra, dando-lhes apoio psicológico, contando-lhes histórias que os ajudem a não pensar tanto na guerra, e a pensar como atuar em diferentes situações e manter a calma.
Cresci numa família onde os valores cristãos são o fundamental. Na minha primeira infância já estava muito interessado na religião. Devo dizer que a minha bisavó teve nisso um grande papel: encantava-me falar com ela e escutá-la; falava-me sobre as tradições ucranianas, sobre a Segunda Guerra Mundial, cantava-me canções e ensinou-me muitos poemas. Falava-lhe dos meus planos e de tudo o que acontecia na minha vida. Morreu há três anos e, como queria conservar a sua recordação, escrevi um livro sobre ela; aí recompilei as nossas histórias comuns, história da sua época da guerra e muito mais.
No entanto, ao crescer, deixei de pensar em ser sacerdote. Fui estudar jornalismo e trabalhei como locutor numa emissora de rádio cristã e foi aí que comecei a estudar o tema da religião de um modo diferente, a ler a Bíblia, a conhecer a liturgia, a pensar em porque é que creio em Deus.
Mas estar aqui em Roma era um sonho, uma oportunidade que aproveitei. Lembro-me de ter rezado há uns anos para vir para Roma e poder aprender muito, formar-me aqui e obter novas experiências que serão a base da minha atividade futura. Estudo comunicação institucional.
Os governos russos promoveram a língua russa na Ucrânia durante muito tempo, por isso os ucranianos entendem o russo, por exemplo, eu nunca estudei russo, mas entendo-o perfeitamente e falo-o com fluidez porque era o que escutava na televisão quando era criança. Na televisão quase não se falava ucraniano; falava-se russo na rádio e escutava-se música russa.
A Igreja greco-católica ucraniana desempenhou um papel muito importante na preservação e desenvolvimento da cultura, da fé e do pensamento dos povos eslavos desde o início do cristianismo. É verdade que o Oeste da Ucrânia é mais pró-ucraniano, mais consciente da sua identidade nacional, enquanto o Leste não, mas esse problema remonta-se à tragédia do Holodomor.
O Holodomor (“matar à fome”), foi um dos maiores genocídios do século XX, entre 1932 e 1933, morreram à fome cerca de 8 milhões de ucranianos no Leste, que foram substituídos por Russos por Estaline. Depois disto começou o periodo da russificação” global e os ucranianos sabem bem o que é viver sob um regime ditatorial, mas não é justo que a Ucrânia tenha que sofrer sempre, por isso pedimos uma ajuda especial.