Perseguição aos Cristãos do Iraque

Numa entrevista, Raquel Martín, jornalista da Ajuda à Igreja que Sofre, que publicou um livro sobre a situação dos cristãos no Iraque (“Antes que sea demasiado tarde“, ed. Palabra), explica que, do milhão e meio de cristãos que existia no Iraque, só restam 200.000 e «à beira da extinção», embora estejam «de pé com uma fortaleza que impressiona».

«É a fé mais real que eu pude conhecer com os meus próprios olhos. Nunca tinha encontrado um cristão disposto a perder tudo pela sua fé. De facto, nem um só cristão do Iraque apostatou. Nem um. Eles são para os cristãos do Ocidente um guia e um modelo de vida» «Esperam de nós, os seus irmãos na fé, que os acompanhemos, apoiemos e ajudemos… não os podemos deixar sós.

Devem doer-nos os nossos irmãos perseguidos do Iraque, são parte de nós próprios. Comecemos pedindo por eles, pela sua fortaleza na fé».

Um seminarista – Martin Baani –, de 24 anos não quis abandonar a sua aldeia quando o Daesh avançava. Ele diz que «se Jesus não estivesse connosco não teríamos podido ficar aqui nem um minuto». Mas «eles não querem ouvir a palavra “herói”. São pessoas muito normais, como nós, com medo e insegurança. Não são pessoas extraordinariamente valentes ou fortes. Mas abandonaram-se no Senhor. Sabem que estão nas suas mãos e que não há nada mais importante na vida. Por isso o Martin prefere ficar no Iraque e acompanhar a sua gente».

Os seminaristas do Seminário de Erbil são 28, «têm a maior consciência da sua vocação. Sabem que vão ser os futuros sacerdotes de um país onde o cristianismo cada vez será mais minoritário. Sabem que vão ter que trabalhar duramente para favorecer o perdão entre os iraquianos».

O padre Douglas foi sequestrado e torturado. Ele diz que «os cristãos do Iraque dizem um ‘sim’ ao Senhor que supõe agora a perseguição até ao martírio e que a nós também compete o nosso ‘sim’, cada um nas suas circunstâncias». Conta que «de dia eu era um pai espiritual para eles, e, de noite, transformavam-se e torturavam-me. Disse a um deles: “Por mim estás perdoado porque ainda estou vivo”. Peço a Deus que arranque o mal dos seus corações».