Chamo-me Vesdastus e sou da Tanzânia. Ordenei-me em agosto de 2024, com 30 anos, depois de ter tido a sorte de estudar na Europa, graças a uma bolsa. Agora regressei ao meu país e nota as diferenças: quando se entra numa Missa dominical, mais de 60% é gente nova.
Mas aquilo que me fez decidir a ser sacerdote foi perceber que a minha aldeia distava sete quilómetros da igreja mais próxima e todas as semanas percorríamos essa distância para escutar a Palavra de Deus proclamada pelos catequistas.
Havia Missa uma vez por ano
Havia Missa uma vez por ano. Apesar de tudo, as coisas estão muito melhor: há trinta anos só havia dois sacerdotes para atender mais de trinta paróquias. Hoje são 155, embora as paróquias tenham aumentado para 56. Quando eu era muito pequeno, no dia em que o sacerdote chegou e celebrou, eu percebi que aquilo era muito diferente do que faziam os catequistas.
Ao chegar a casa perguntei à minha mãe: «Mamã, porque é que hoje foi diferente? Quem era aquele homem?» e a minha mãe explicou-me o que era um sacerdote e a sua importância para a salvação, por dar os sacramentos e trazer-nos a Eucaristia e perdoar os pecados. E também a importância de levar Cristo ao mundo.
O meu pai ainda não era crente, e gostava que eu fosse médico. Disse-me: «Vou pagar o que precisares para que os teus sonhos se tornem realidade. Embora não seja rico, sei o importante que é estudar. Pode ser que nos falte o necessário para viver, mas não te faltará o que necessitares para os teus estudos».
Isto provocou em mim um agradecimento que levou a sacrificar-me sempre nos meus estudos. Quando acabei o secundário expliquei ao meu pai que o meu sonho era ser padre. O meu pai contou-me o dele, mas não se opôs, e eu ingressei no seminário.
Há dois anos, porém, o meu bispo disse-me que também poderia fazer o curso de medicina quando regressasse à Tanzânia. Se for a vontade de Deus, assim farei. Agradeço muito a formação que recebi, tendo saboreado a catolicidade da Igreja, agradeço de todo o coração aos meus benfeitores. Tenham a certeza das minhas orações: juntos fazemos parte do plano divino para que todos os homens recebam a Boa Nova.
