Eloi Chiramal

bandeira da nacionalidade do bolseiro India

Chamo-me Eloi Chiramal; sou seminarista de Thrissur, no estado de Kerala (Índia), tenho 24 anos, e estudo Teologia na Universidade Pontifícia da Santa Cruz. A minha família é muito piedosa e o meu irmão Joel é um asceta – ele também é seminarista e vai ordenar-se antes de mim – e levantava-se às 3:30 da madrugada para rezar, o que me impressionava imenso.

Deus vai cuidar das vidas dos que cuidaram de mim

Mas a minha ligação com o altar só começa quando fui convidado para acompanhar o coro da igreja no órgão. Ora eu, como principiante, era famoso por cometer erros e para os evitar comecei a ir meia hora antes da missa e a sair da igreja meia hora depois para praticar mais, além de ensaiar sempre que podia. Foi precisamente durante esse tempo que eu comecei a pensar na vocação. Mas era uma decisão difícil porque eu tocava numa banda que se preparava para ser profissional e era dizer não ao meu sonho de música. Por isso, quando o meu irmão disse-nos que queria entrar no seminário, decidi não falar nada sobre este apelo que também eu estava a sentir.

Fiz o curso de Engenharia Civil e terminei o oitavo ano de violino. A banda tinha um produtor e decidiu criar uma página oficial nas redes sociais. Quando estavam a desenhar a capa, perguntaram-me se eu queria continuar com eles ou não, uma vez que as coisas são profissionais, é mais difícil desistir. Eu não sei como explicar. Naqueles dias eu estava a queimar dentro de mim o ‘não’ que ia dar aos meus melhores amigos e ao sonho da música. Ainda me lembro da noite em que saí de casa do nosso teclista sozinho e com as lágrimas nos olhos, porque já não tocaria mais na banda. E ver, na semana seguinte, a capa da nova banda sem mim…

Os nossos amigos e conhecidos perguntavam-nos: “O que farão os vossos pais se vocês os dois forem para o seminário?”

Além disso, havia os meus pais. Os nossos amigos e conhecidos perguntavam-nos: “O que farão os vossos pais se vocês os dois forem para o seminário?” Nós sempre respondíamos que Deus havia de cuidar deles. Mas esta dúvida tornou-se uma verdadeira tortura quando a minha irmã foi admitida num mestrado longe da nossa casa. Fui eu que a acompanhei através do processo de admissão a preencher os formulários.

Eloi Chiramal

Comecei a pensar na solidão que os meus pais teriam de enfrentar sem nós os três. Mas também pensei e penso que, se eu vou cuidar de tanta gente que Deus me vai confiar, Deus vai cuidar das vidas dos que cuidaram de mim. E agora, com todas as minhas forças, posso repetir a mesma velha resposta: tenho a certeza de que Deus cuidará deles. E aqui em Roma, eu rezo e peço as vossas orações para me darem a coragem de enfrentar as dificuldades do meu caminho.