Gustavo Zamudio

bandeira da nacionalidade do bolseiro Perú

A Igreja precisa de pastores segundo o Coração de Cristo

Chamo-me Gustavo Zamudio e sou peruano. Tenho 32 anos e sou pároco em Lima. A minha família não era particularmente piedosa. Vivíamos no populoso bairro da Vitória, em Lima. Dedicava-me sobretudo a jogar futebol com os meus amigos.

Quando tinha 13 anos, a minha professora de religião, uma religiosa, convidou-me a um encontro de rapazes na paróquia, que costumava ser ao sábado de manhã. Lembro-me que me disse que havia pequeno almoço e futebol. Não precisava de me dizer mais. Fui à tal reunião e descobri que se tratava de um grupo de acólitos e, embora isso fosse uma novidade para mim, juntei-me ao grupo.

Foi então que conheci pessoalmente o padre Henry, cujo testemunho de vida sacerdotal foi muito importante no meu processo de discernimento. Outro fator importante foi a oração da comunidade pelas vocações sacerdotais. Eu sentia que o meu chamamento era como que uma resposta de Deus às orações daquela gente. Comecei a levar a sério a minha vida cristã, a cuidar da piedade. Os meus pais tinham uma grande devoção ao Senhor dos Milagres, mas não frequentavam a igreja.

Eu, pelo contrário, cada vez descobria mais que a vida sem Cristo não era vida e isso significava uma grande mudança dos meus ideais, porque o ambiente social que eu tinha respirado desde criança não era esse, e tomava consciência de uma força interior que me impulsionava a ser sacerdote. Falei com os meus pais. Eles tinham outros sonhos, mas não se opuseram e, ao acabar o secundário, com 17 anos, entrei no seminário.

Mais tarde, já ordenado, graças a uma bolsa, pude estudar filosofia na Universidade Pontifícia da Santa Cruz. Dadas as condições económicas da minha família, nunca imaginei viajar à Cidade Eterna e ter esta experiência internacional, porque, embora me encontrasse em Itália, parecia que estava em todo o mundo, pela universalidade da Igreja: esta bendita unidade e pluralidade que se sente ao estudar numa universidade pontifícia em Roma. Por outro lado, fiquei impressionado com a vitalidade do mundo intelectual católico, pela tradição intelectual que era viva e dinâmica, encarnada nos professores.

Essa formação está a ajudar-me a alcançar uma autêntica fé que não se deixa levar pelos ventos da moda, que passa depressa, e também a dialogar com o mundo contemporâneo, procurando fazer minhas as legítimas inquietações dos homens do meu tempo e a oferecer as razões da minha esperança.

Também dou aulas numa universidade privada de Lima, chamada Unife, onde os jovens me colocam abertamente perguntas e objeções sobre a fé, e para tudo isso é fundamental ter uma vida interior sólida e não deixar de ser homem de Deus.

Quero agradecer aos meus benfeitores: não deixem de apostar na boa formação dos sacerdotes; a Igreja necessita de pastores segundo o Coração de Cristo. Peço por vós em cada Eucaristia, para que sempre se sintam responsáveis pela formação dos que são chamados ao sacerdócio e redescubram a alegria de dar.