
“O demónio tem muito receio das pessoas que andam na graça de Deus”, palavras do padre Duarte Sousa Lara, conhecido exorcista da diocese de Lamego e antigo aluno da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, na conferência com o título “Deus cuida dos seus filhos”, no dia 2 de junho, no auditório do Oratório de São Josemaria, em que deu testemunho da sua vida desde a infância até ao presente.
Oferecido a Nossa Senhora pelos seus pais, pouco após nascer, já adolescente, rezava o terço à noite, lia uns minutos o Evangelho, tocava uns acordes na viola e adormecia tranquilo. Quando frequentava o curso de gestão na Católica, começou a receber formação com outros universitários e aprendeu que o matrimónio era um caminho de santidade. Planeava então
casar, ter 10 filhos e uma grande quinta perto de Cascais, onde pudesse ter uma pista de motocross.
Começou, no entanto, a perceber que os planos de Deus iam por outro caminho. À terceira noite consecutiva sem conseguir dormir aceitou ir um ano para o Seminário, logo que terminasse o curso. Mas qual seminário? Como era de Gestão, resolveu ir a Roma “fazer um estudo de mercado”. Um amigo, professor numa universidade eclesiástica de Roma, disse-lhe que, em filosofia, a melhor era a Universidade Pontifícia da Santa Cruz, e que, em teologia, essa e aquela em que ensinava estavam ao mesmo nível, porque eram fiéis ao Magistério.
Decidiu ir para a Universidade Pontifícia da Santa Cruz. O bispo de Lamego apoiou esta decisão, porque já enviara outro seminarista e estava contente com o resultado, e assim começou
uma aventura prevista para durar 5 anos e estendeu-se por 10 (entre 1998 e 2008), por ficar mais dois a preparar o doutoramento e três como assistente. Gostou do nível científico dos cursos, da disponibilidade e amizade dos professores e colegas, da organização que se vivia lá que lhe permitia estudar, passear, conviver… Sobretudo o poder viver no Seminário Internacional Sedes Sapientiae, onde convivia com seminaristas de qualquer parte do mundo e se apercebia de outras realidades da mesma Igreja.
Destes anos são os contactos com o padre Gabriele Amorth, o exorcista da diocese de Roma, que o aceitou como discípulo e de quem aprendeu muito. O padre Duarte tinha lido a sua obra e pensava que o tema da existência do demónio, do inferno, assim como a sensibilidade para a vida da graça que nos chega pelos sacramentos e pela oração, eram importantes na pastoral da nossa época.
Regressado a Portugal, começou a exercer o ministério na diocese de Lamego, onde é pastor de 3 paróquias, além de ser o padre exorcista de Lamego, onde já fez mais de 300 exorcismo, desde 2008. Explicou que o demónio pretende que se pensem duas coisas: uma é que ele não existe e outra é que o seu poder é ilimitado.