
Chamo-me Maurício, tenho 25 anos, e sou um seminarista Brasileiro. Nasci em Belford Roxo, no Estado do Rio de Janeiro em 1997, e estudo teologia na Universidade Pontifícia da Santa Cruz, residindo no Seminário Internacional Sedes Sapientiae.
Em 2001, mudámo-nos para Campo Grande, a capital do Estado de Mato Grosso, porque o meu pai era militar. Os meus pais são exemplares, mas, embora me tenham batizado com um ano, não costumavam ir à Missa e raramente rezávamos em casa. Aos 9 anos comecei a frequentar a catequese, mas confesso que, como as aulas eram ao sábado, eu preferia estar com os meus amigos a jogar à bola. Também não tinha interesse em assistir à Missa: tudo me parecia aborrecido. Por isso, acabei por desistir da catequese e não cheguei a receber a Primeira Comunhão. Naquela época, eu tinha ideias muito críticas sobre a Igreja, porque eu achava que a fé era uma coisa mitológica, sem ligação com a vida real, mera superstição, e olhava com certo desprezo para as pessoas religiosas.
Aquilo que me fez mudar foi a morte do meu pai, num acidente de automóvel, quando eu tinha 12 anos. Era um homem bom, carinhoso, e querido por toda a gente, pelo que eu pensei para onde é que ele teria ido e que sentido é que tinha tudo o que ele tinha feito. E foi assim quando comecei a ver o mundo desde outra perspetiva e a religião deixou de ser uma coisa negativa. Decidi ler livros sobre a doutrina católica para encontrar respostas às minhas perguntas.
Um dia, quando voltava para casa e passava por diante de uma capela, parei e encontrei um diácono permanente que vivia no meu bairro. Perguntou-me se eu tinha recebido catequese e eu expliquei-lhe a minha desistência. Então convidou-me amavelmente para as aulas de preparação para a confirmação dirigidas a jovens da minha idade. Aceitei o convite e desta vez a minha atitude foi completamente diferente. Aquilo despertou em mim uma grande admiração pela doutrina católica. Recebi os sacramentos, comecei a assistir à Missa dominical, ia aos encontros de oração, rezava o terço.
Não tinha a certeza de querer ser sacerdote, mas um profundo desejo de fazer a vontade de Deus
Quando acabei o liceu (estava num instituto militar) matriculei-me em Direito na universidade salesiana Dom Bosco, mas não sabia aquilo que queria; gostava de basquetebol e sonhava com chegar a jogar na NBA. A universidade permitia que assistíssemos à Missa duas vezes por semana e que pudéssemos participar na adoração eucarística. Ora, a fome pela Eucaristia cresceu imenso em mim, assim como o desejo de me confessar mais frequentemente. Mudei de curso, mudei de universidade, mas consegui integrar-me num grupo de estudantes católicos e, num dia 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo, fui assistir a uma Missa em latim com os meus amigos, com a intenção de receber o Escapulário do Carmo e por curiosidade para com essa liturgia. No fim um jovem seminarista convidou-me a ir conhecer o seminário e fiquei impressionado com o amor pelo sacerdócio dos formadores, pela sua piedade e pelo seu zelo na celebração da Eucaristia.
A minha mente abriu-se e compreendi o sacerdócio de um modo novo, até ao ponto de começar a interrogar-me sobre se essa não seria a minha vocação, embora estivesse muito indeciso e temeroso perante uma missão tão grande e tão exigente. Depois de um ano e meio de encontros e de direção espiritual decidi entrar no seminário. Não tinha a certeza de querer ser sacerdote, mas sim um profundo desejo de fazer a vontade de Deus, o que me dava muita serenidade. Já estava a ganhar dinheiro e a minha carreira profissional parecia prometedora, mas não importava.
Depois de acabar Filosofia, em 2020, o meu bispo propôs-me continuar os meus estudos em Roma. Fiquei surpreendido, mas também muito honrado e contente por me oferecer essa oportunidade. Falei com a minha mãe e respondi que sim ao bispo. A minha vida está cheia de encontros providenciais, como é providencial a ajuda dos meus benfeitores, uma vez que estou aqui graças a vocês, não só pelo apoio económico, como também pela vossa oração e proximidade espiritual. Muito obrigado!